Sem passaporte e dona de todos os cisnes do país: os curiosos privilégios da rainha Elizabeth II

A rainha Elizabeth II não precisava de passaporte nem de carteira de motorista, comemorava aniversário duas vezes ao ano e era dona de todos os cisnes e esturjões do Reino Unido. Esses privilégios estão entre os mais inusitados e desconhecidos da monarca e serão herdados pelo agora rei Charles III, filho de Elizabeth, morta aos 96 anos nesta quinta-feira, 8.

Abaixo, saiba mais sobre os privilégios e outros fatos inusitados relacionados à rainha e à monarquia britânica:

Elizabeth II podia viajar sem documentos e, diferentemente de outros membros da família real, não possuía passaporte. No Reino Unido, o documento é emitido em seu nome e, portanto, ela não podia conceder a si mesma. Por esse mesmo motivo, a rainha também era isenta da obrigatoriedade da habilitação para poder dirigir.

A rainha Elizabeth também tinha o privilégio de comemorar o aniversário duas vezes ao ano: no dia do nascimento, 21 de abril, de maneira privada; e no segundo sábado de junho, quando as celebrações oficiais do aniversário acontecem.

Segundo o site da família real, historicamente os aniversários dos monarcas britânicos são comemorados em dias diferentes do dia de nascimento caso esta data não coincida com o verão do Hemisfério Norte. A razão é evitar que as comemorações aconteçam em um dia que o clima esteja desfavorável.

A rainha devia observar uma estrita neutralidade no plano político e, portanto, não votava e não podia se candidatar a cargos eleitorais. Era ela quem abria as legislaturas do Parlamento e empossava o primeiro-ministro, com quem se encontrava regularmente.

Elizabeth II não reinava só sobre os britânicos. Há vários séculos, os cisnes que vivem livres nas águas do país são considerados propriedade do monarca britânico.

Todo ano, esses animais são objeto de uma meticulosa recontagem no rio Tâmisa, uma tradição que hoje faz parte das políticas de preservação ambiental.

A mesma prerrogativa real se aplica aos peixes esturjões, golfinhos e baleias nas águas ao redor do Reino Unido.

A rainha era uma grande amante de corgis – uma raça de cachorro de patas curtas presente no País da Gales – ao ponto de ter criado uma longa linhagem de cães. Eles tinham total liberdade para passear pelo Palácio de Buckingham e foram registrados ao lado delas.

A paixão começou em 1944 quando ganhou de presente de 18 anos a primeira corgi, Susan, e a acompanhou desde então. Entretanto, segundo a imprensa britânica, a rainha parou de criá-los aos 90 anos por temer que ficassem órfãos após sua morte.

Em 2021, seu filho Andrew a presenteou com dois cães dorgi (cruzamento entre dachshund, o “cão salsicha”, e corgi) para animá-la durante a hospitalização do príncipe Philip, que morreu pouco depois. Só um deles sobreviveu.

Muito antes do grande público ouvir falar de internet, Elizabeth II foi a primeira monarca a enviar um e-mail, em 1976, durante uma visita a uma base militar.

Vinte e um anos mais tarde, lançou o primeiro website oficial da família real britânica.

A cada 10 anos, a rainha atribuía a um poeta de “importância nacional” o cargo honorário de poeta real, que é acompanhado de um barril de xerez como recompensa. Essa tradição remonta ao século XVII.

Mas só em 2009, a primeira mulher, Carol Ann Duffy, obteve o título. Ela escreveu poemas para o casamento do príncipe William em 2011, o 60º aniversário de coroação da rainha em 2013 e o casamento do príncipe Harry em 2018. Em 2019, foi substituída por Simon Armitage.

De champanhes franceses a bebidas gaseificadas, passando por pequenos produtores britânicos, as marcas que abastecem a Coroa têm o privilégio de expor o brasão real em seus comércios. Uma grande honra e, sobretudo, um formidável argumento de venda para os escolhidos. /AFP